A formação do culto mariano é um dos grandes enigmas da história do cristianismo, já que as muitas fontes disponíveis para a sua compreensão são pouco organizadas. A documentação indica que essa piedade nasceu no contexto das relações de poder entre bispos, monges, autoridades imperiais e devotos, e no âmbito do cristianismo de fronteira (séc. III), hibridizando certas formas de culto – vide os afrescos marianos na catacumba de Santa Priscila. De início, a piedade mariana se manifesta dispersamente, mas depois é domesticada pela ekklesia, após os esforços de líderes eclesiásticos alexandrinos como Clemente de Alexandria, Orígenes e Atanásio, que desenvolvem uma teologia calcada na glorificação de Maria. Nos séculos IV e V, por todo o Império, difundem-se práticas devocionais a Maria no âmbito da piedade pessoal e monástica – desagradando autoridades episcopais, muitas delas filiadas à escola de Antioquia. Nesse contexto, no Concílio de Éfeso (431), eclode a polêmica quanto à utilização dos títulos de Theotókos e Christótokos, conferidos a Maria, foco do embate político-cultural empreendido pelos bispos Cirilo de Alexandria, que lutava pela institucionalização doutrinal-litúrgica do culto, e Nestório de Constantinopla. Com a vitória de Cirilo e seus partidários, foi erigida a basílica de Santa Maria Maggiore, provando que a piedade a Maria não só passou a ser tutelada e institucionalizada pela ekklesia, mas também manipulada para simbolizar a glória e o poder do bispo de Roma.


Dimensões: 23x16 cm
Páginas: 316
Edição: 
Primeiras Páginas: PDF

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Da catacumba a basílica: como a mãe de Jesus se tornou a mãe de Deus

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